OS MILHÕES DE ÁUREOS LUSTRES CORUSCANTES
Os milhões de áureos lustres coruscantes
Que estão da azul abóbada pendendo,
O Sol e a que ilumina o trono horrendo
Dessa, que amima os ávidos amantes; (1)
As vastíssimas ondas arrogantes,
Serras de espuma contra os céus erguendo,
A leda fonte humilde o chão lambendo,
Loirejando as searas flutuantes;
O vil mosquito, a próvida formiga,
A rama chocalheira, o tronco mudo,
Tudo, que há Deus a confessar me obriga:
E para crer num braço, autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da Fé, mas da Razão me ajudo.
(1) – A Lua
In “Clássicos Portugueses” – Trechos Escolhidos
Século XVIII – Poesia – Bocage – Sonetos
(Introdução, selecção e notas de Vitorino Nemésio)
Livraria Clássica Editora – Lisboa – 1941
Manuel Maria de Barbosa du Bocage
. Mais poesia em
. Eu li... Manuel Maria de ...