NO ÚLTIMO RESTAURO
No azulejo vasto há um monge
de perfil pétreo, desdenho eu,
que relê obstinado o enigma
audacioso de um Santo do século sexto.
Decifra na miniatura ali desenhada
e que suspensa numa nuvem nos parece.
O monge casto contempla a virtude e
o abismo que se descreve numa súmula
de copista puro.
No último restauro a limpidez
foi ofuscada por empastados
e cresceu a plumagem da pena
até então adelgaçada e mais fendida.
A sua mão está quebrada pela argamassa
que a divide em quadrados de azul.
O monge que decifra nas trevas
o seu refúgio, redige no século sexto.
Descubro, espiando, que há um monge, satânico,
que redige as trevas.
In “Polifemo e Outros Poemas”
INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda
José Emílio-Nelson **
N. 1948
** Pseudónimo literário de José Emílio de Oliveira Marmelo e Silva
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