DÁ A SURPRESA DE SER
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930
In “Poesias”
Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor
Ática, 1942 (15ª ed. 1995)
Fernando Pessoa
(1888-1935)
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