NÉVOA
A montanha respira no silêncio;
beija o sol e amornece as rudes fragas;
manso, um véu de neblina está suspenso
sobre o vale e a azáfama das casas.
A minha alma chora na tristeza
dos pinhos quando a névoa molha a rama
e cai sobre a caruma que se acama
nos silêncios da Serra em macieza.
A luz do tempo, urdindo sua manta
de sombras, nos embala em fantasia
de ecos - tudo é memória de outra vida
em transparência pura que sonhamos.
Dói-me o que penso e o que penso é breve
e a dor prolonga a sua brevidade
é como haver a luz que não se teve
é como não ter tempo e ter idade.
(A LUZ E O BERÇO”, poemas de Natal e Serra)
1999
In Jornal “Poetas & Trovadores”
Ano XIX 3ª Série n.º 10
Maio/Junho de 1999
António Leitão
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