CANÇÃO PARA UMA RAPARIGA DA HORTA
Pede o ritmo lento do milhafre a
resvalar sobre o corpo, a loucura
em viagem no frémito dos lábios a
dor, o fogo e o mar no silêncio escuro.
Pede o eco labiríntico das águas
e não digas nada, o vento dói
ao dizer que te espero como nunca
junto ao rumo das gaivotas solitárias.
Pede a fúria das pálpebras bebidas
na vaga tela oculta no farol
a desembocar no infinito embriagado.
Pede a duna atlântica no pensamento
barco perdido no percurso da bruma
a soprar forte na carne de espuma
In “Visões de Bruma”
Prémio “Antero de Quental” – 1986
Américo Teixeira Moreira
N. (????)
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