O PRESIDIÁRIO
À minha frente, grades enormes
Ao sul cortinas de tijolos queimados
A luz em conta-gotas invade pela fresta
Sem nenhuma alegria o sol, penetra.
Neste sub mundo imundo onde vivo
Sonhos de liberdade invento
Intenção minha passar rápido o tempo
E a dor da tristeza do isolamento.
Nas paredes sujas rabiscadas
Uma mensagem de amor me acalenta...
Que injustiça essa justiça
Lacra-me e o criminoso inocenta.
Meus pensamentos navegam distantes
Na incerteza de um dia poder provar:
Sou inocente, sob tortura confessei.
Esperança no resultado do DNA.
Neste cárcere a traçar planos inatingíveis
Embalando a agonia de minha sina
Nada acontece, tudo se cala
Sentença longa me alucina.
Solidão que me consome o coração
Sem minha família, longo deserto
Tudo tão longe, mesmo tão perto.
Desmembrado rejeito a própria vida.
Nesta desilusão infinita
Sem luz e sem luar
Viver para quê? Para quem?
Digo adeus, vou para o além.
Novembro 2001
Juraci de Oliveira Chaves
(Poetisa Brasileira)
. Mais poesia em
. Eu li...
. Eu li... Charles Baudelai...
. Eu li... Carlos Drummont ...
. Eu li... Juan Ramón Jimén...
. Eu li... Vincenzo Cardare...