Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

Eu li... M. João Brito de Sousa

QUEM FOSTE, ANTÓNIO DE SOUSA?

 

A cor do teu olhar era de mel,

O porte altivo, quase de gigante,

Mas tinhas não-sei-quê no teu semblante

Que despontava em versos a granel...

 

O mundo deu-te dias como fel!

Ninguém soube entender-te esse bastante

Que te ressuscitasse em doce infante

Ou devolvesse os sonhos, num anel...

 

Poeta, quem te encheu de horas perdidas?

Os sonhos naufragados, quem tos deu?

Quem te fechou a porta às ilusões?

 

Nasceste já coberto de mil f´ridas!

O teu reino, afinal, era do Céu

Mas tu desceste ao mundo das paixões...

 

 

In “SEBE(M)TARISMOS – Caderno de Rascunhos e Manuscritos”

 

M. João Brito de Sousa

 

(Gentilmente cedido pela autora neta de António de Sousa)

 

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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

Eu li... Maria Aurora Santos Costa

ODE À VIDA

 

Para que nasci, Senhor! Para quê?

Se eu sou o vento materializado,

Meu pensamento é o sopro que não vê

Que trago meu semblante carregada.

 

Para que nasci, Senhor! Para quê?

Para ver o mar onde mergulho, só,

Para ver a terra que em silêncio vê

Seus filhos mal, o que lhe causa dó.

 

Para que nasci, Senhor! Para quê?

Para ver o ódio conduzir ao crime

Pessoas justas, boas, mas descrentes.

 

Para que nasci, Senhor! Para quê?

Salvai minha alma que redime

Meu corpo sob cargas tão prementes.

 

In “Mágoas de Esperança” – Poemas – 1989

Edição da Autora

 

Maria Aurora Santos Costa

 

 

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Domingo, 20 de Abril de 2008

Eu li... Campos Teixeira

MURMURANDO

 

Quando a luz da madrugada

tinge o céu em linda côr,

a Natureza acordada

murmura um hino d’amor.

 

Murmura a fonte chorando,

a desfiar seus segredos;

enquanto o vento, passando,

murmura entre os arvoredos.

 

Ao longe as águas do mar,

rolando em fulvas areias,

têm murmúrios de sereias,

por entre o seu marulhar.

 

A bordar loucas esp’ranças

num sonho belo, doirado,

murmuram lindas crianças,

de rosto puro, rosado.

 

A murmurar com saudade,

os velhos vão recordando

os tempos da mocidade,

um após outro lembrando…

 

In “Trovas Portuguesas” – Porto – 1924

Casa Editora de A. Figueirinhas

 

Campos Teixeira

 

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Terça-feira, 15 de Abril de 2008

Eu li... M. Elisa Flora

SE DEUS ME DEU “TALENTO”

 

Se Deus me deu o "talento"

para o pôr a render,

quero ver se o aumento,

quando chegar o momento,

ao bom Deus o devolver.

 

Com juros, eu vou tentar!

Quanto mais altos, melhor:

Dois, cinco ou dez, e olhar

para os Céus e esperar 

que Deus me dê seu Amor.

 

Humildade e gratidão,

tentarei ter todo o dia.

A Deus dar meu coração,

junto com esta canção,

meu trabalho e alegria.

 

Poema não editado de

M. Elisa Flora

 

(Gentilmente cedido pela a Autora)

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Quinta-feira, 10 de Abril de 2008

Eu li... Manuel António Cordeiro

FALTA DE CULTURA

 

Sou um poeta amador

Não sou nenhum titular,

De reduzido valor

Na cantiga popular.

Mas seja lá como for,

P’ra mim importa é rimar.

 

Tenho falta de cultura

E de frequência escolar.

Só estudei agricultura,

Sem escola frequentar.

Assim não se faz figura

Como poeta popular

 

Eu mesmo sem tempo estou

Escrevendo o pouco que sei,

Mas sei que longe não vou,

Que foi tarde que comecei.

Mas já alguém me afirmou

Que um poeta me tornei.

 

 

In “Realismo Popular”

Poemas – 3ª Publicação

Porto da Lage – Tomar

 

Manuel António Cordeiro

 

 

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Sábado, 5 de Abril de 2008

Eu li... Serafim Leite

A NEVADA

 

Oh! Que loucura não vai no ar!

Parai, ó frias almas ligeiras!

A vida é curta!... Porque, fagueiras,

tombais  tão brancas a soluçar?

 

Que pressa tendes?... – E porque não?

Se, entre os sorrisos da criançada,

breve seremos vultos de fada,

de  Rei ou Papa, Napoleão!?...

 

Vamos ligeiros, mas é por bem!

A árvore é velha: não tem amores?…

Chegamos: fulge de brancas flores,

e é como noiva que à igreja vem.

 

E é morta a várzea? Lençol de amor

sôbre ela abrimos: que mais espera?

Dorme e renasce na primavera

no oiro do trigo, no rir da flor.

 

Mas tão depressa?!... Não serão mós

imensas de astros que vos trituram?

Parai! Não vêdes que vos procuram

no céu os Anjos?... Que tendes vós?

 

Tereis pecados?... Não! Isso não!

Não tem pecados uma açucena!

Mas tereis sonhos?... Sereis antena

levada aos ritmos do coração?

 

Tendes?!... Pois temo que ireis parar!

Olhai os homens: como o seu louco

voar de sonhos dura tão pouco!

– Mau sestro é êste de ir a sonhar!...

 

Bélgica – 1927

 

In “Do Homem e da Terra” – Poemas – 1932

Edições “Brotéria” – Lisboa

 

Serafim Leite

 

 

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