Domingo, 30 de Março de 2008

Eu li... Maria Rita Valente-Perfeito

LIÇÃO DA NATUREZA

 

 

Quando vejo a Natureza

Ser fiel ao Criador,

Quanto no peito me pesa

A minha falta de Amor!...

 

Sua beleza tão pura,

Que encanta os olhos meus,

Faz-me lembrar a frescura

Da chuva a cair dos céus!

 

Contemplar a Natureza

É rezar uma oração

Que purifica e embeleza

Nossa humana condição.

 

 

In “Fátima Missionária”

 

Irmã Maria Rita Valente-Perfeito

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (5) | favorito
Domingo, 23 de Março de 2008

Eu li... Carlos Drummond de Andrade

SEGREDO

 

A poesia é incomunicável.

Fique torto no seu canto.

Não ame.

 

Ouço dizer que há tiroteio

ao alcance do nosso corpo.

É a revolução? É o amor?

Não diga nada.

 

Tudo é possível, só eu impossível.

O mar transborda de peixes.

Há homens que andam no mar

como se andassem na rua.

Não conte.

 

Suponha que um anjo de fogo

varresse a face da terra

e os homens sacrificados

pedissem perdão.

Não peça.

 

Carlos Drummond de Andrade

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (3) | favorito
Terça-feira, 18 de Março de 2008

Eu li... Manuela Graça Barros

UM RAIO DE SOL

 

Trago um raio de sol

para iluminar o teu dia,

para te dar alegria.

 

O Sol é a força que representa

essa luz que tem teus olhos,

que guardas no coração,

que emana da tua mão.

 

Um raio de Sol

para pensares no Amor,

nessa paixão

que te move para a Vida.

 

Um  raio de Sol

para te lembrar

que o amanhã se faz hoje.

 

E mesmo quando

a tristeza insiste,

nada pode ser triste

quando brilha a luz em ti.

 

Um Sol

ou a Amizade aqui.

 

Poema não editado de

Manuela da Graça Barros

 

(Gentilmente cedido pela Autora)

 

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (1) | favorito
Domingo, 16 de Março de 2008

Eu li... Eugenio Montale

PREGUIÇAR NO MEIO DIA ABSORTO

 

 

Preguiçar, no meio dia, absorto,

ao pé do muro em brasa do horto,

escutar entre as silvas e espinhos

roçar de cobras, estalar de ninhos.

 

Nas fendas do solo ou sobre urtigas

espreitar as filas vermelhas das formigas

que ora se cruzam ora se rompem

no alto de minúsculos montes.

 

Observar por entre ramos o palpitar

longínquo de escamas de mar

enquanto se ouve a trémula algazarra

nos montes escalvados das cigarras.

 

E andando sobre o sol que ofusca

perceber com melancólico espanto

o que toda a vida e sua busca,

o nosso dia-a-dia: um muro de horto

que tem no alto caos de garrafa.

 

Eugenio Montale

(Poeta Italiano)

 

(Trad. De Maria José de Lencastre –   In “Critério” – nº 2 – 1975)

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (2) | favorito
Quarta-feira, 12 de Março de 2008

Eu li... Auta de Souza

ORAÇÃO DA NOITE
 

Ajoelhada, ó meu Deus, e as duas mãos unidas,
Olhos fitos na Cruz, imploro a tua graça...
Esconde-me, Jesus! da treva que esvoaça
Na tristeza e no horror das noites mal dormidas,
 

Maria! Virgem mãe das almas compungidas,
Sorriso no prazer, conforto na desgraça...
Recolhe essa oração que nos meus lábios passa
Em palavras de fé no teu amor ungidas.
 

Anjo de minha guarda, ó doce companheiro!
Tu que levas do berço ao porto derradeiro
O lúrido batel de meu sonhar sem fim,
 

Dá-me o sono que traz o bálsamo ao tormento,
Afoga o coração no mar do esquecimento...
Abre as asas, meu anjo, e estende-as sobre mim.
 

 

Macaíba - 3 de Abril de 1899

 

In “Horto”

 

Auta de Souza

(Poetisa Brasileira)

 

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (2) | favorito
Domingo, 9 de Março de 2008

Eu li... Jacinto de Almeida

DESÂNIMO

 

Ai! Quanta amargura, quanta,

o teu coração sofreu!...

Vai, triste, um cipreste planta,

onde a ventura morreu!...

 

Julgam-te feliz, porquê?

Por teu sorrir contrafeito?

Não sabes que ninguém vê

as mágoas que vão em teu peito?

 

Quanta lágrima em perlada

vertes, pobre coração,

na profunda solidão

duma noite constelada!...

 

Mas chora, meu peito, chora,

não comprimas teu sofrer!...

Ah, ninguém te embala, embora,

chora, que hás-de adormecer!...

 

In “Saudades de Amor” – 1966

 

Jacinto de Almeida

 

 

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (4) | favorito
Domingo, 2 de Março de 2008

Eu li... Vinicius de Moraes

A PAIXÃO DA CARNE

 

Envolto em toalhas

Frias, pego ao colo

O corpo escaldante,

Tem apenas dois anos

E embora não fale

Sorri com doçura.

É Pedro, meu filho

Sémen feito carne

Minha criatura

Minha poesia.

É Pedro, meu filho

Sobre cujo sono

Como sobre o abismo

Em noites de insónia

Um pai se debruça.

Olho no termómetro:

Quarenta e oito décimos

E através do pano

A febre do corpo

Bafeja-me o rosto

Penetra-me os ossos

Desce-me às entranhas

Húmida e voraz.

Angina pultácea

Estreptocócica?

Quem sabe… quem sabe…

Aperto meu filho

Com força entre os braços

Enquanto crisálidas

Em mim se desfazem

Óvulos se rompem

Crostas se bipartem

E de cada poro

Da minha epiderme

Lutam lepidópteros

Por se libertar.

Ah, que eu já sentisse

Os êxtases máximos

Da carne nos rasgos

Da paixão espúria!

Ah, que eu já bradasse

Nas horas de exalta-

Ção os mais lancinantes

Gritos de loucura!

Ah, que eu já queimasse

Da febre mais quente

Que já mais queimasse

A humana criatura!

Mas nunca como antes

Nunca! Nunca! Nunca!

Nem paixão tão alta

Nem febre tão pura.

 

 

In “O Operário em Construção e Outros Poemas”

Colecção Poesia Século XX – 5ª Edição (1976) – Publicações D. Quixote

 

Vinicius de Moraes

 

 

publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ver comentários (7) | favorito

.Eu

.pesquisar

 

.Maio 2017

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.posts recentes

. Eu li...

. Eu li... Olavo Bilac

. Eu li... António Botto

. Eu li... Charles Baudelai...

. Eu li... Su Dongbo

. Eu li... Jacinta Passos

. Eu li... Laura Riding

. Eu li... Carlos Drummont ...

. Eu li... Juan Ramón Jimén...

. Eu li... Vincenzo Cardare...

.arquivos

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds