AS MÃOS
Olhem as nossas mãos!
Olhem as vossas mãos!
Mãos que acalentam a dor!
Mãos que dão amor!
Mãos que embalam o menino acabado de nascer!
E na ternura de um olhar confortam as mãos que sabem amar!
Mãos que tocam!
Mãos que sentem!
Mãos que não mentem!
Mãos que brilham!
Mãos que transpiram!
Por favor, não me largues a tua mão!
Por favor, dá-me a tua mão!
Que mesmo fria
Dá-me força e alegria!
Por favor, não me largues da tua mão!
Mãos que não param!
Mãos que andam de um lado para o outro
Como se não tivessem mais nada que fazer!
Mãos que arrepiam, quando o toque é repentino!
Mãos que tranquilizam quando o toque é suave e subtil!
Mãos que tocam no que demais íntimo existe!
Mão que persiste!
Mãos que lavam!
Mãos que massajam!
Mãos que fazem os olhos fecharem!
Mãos que fazem adormecer!
Mãos que deixam transparecer a dor do teu sofrer!
Ai mãos, mãos, que tanto de si deram aos outros!
Que tanto viveram!
Que tanto sofreram!
Que tanto caminharam!
Que tanto acarinharam!
Que tanto choraram!
Mãos enluvadas, mãos por enluvar!
Mãos molhadas, mãos cansadas!
Mãos enrugadas e não enrugadas!
Mãos apagadas, mãos chateadas!
Mãos aflitas!
Mão, porque gritas?
Mãos despidas!
Mãos sofridas!
Mãos largas, largas mãos!
Mãos que levam emoções!
Mãos que cuidam corações!
Mãos que te fazem pensar!
Mãos que te fazem chorar!
Estas são, apenas, as vossas mãos
As vossas simples mãos
Com muitas histórias para contar
E relembrar
Sonhar
E chorar por elas!
In “O Voluntário do H.S. João”
Jornal Informativo nº 4 de Julho de 2008
Gil Barbosa
Enfermeiro no Serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João
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