MORTE DE BOA BOCA
Caem mais soldados numa só batalha
Que narcejas em muitas batidas de caça.
Através de despachos numerados
O general calcula em dezenas de milhar
Os caídos do dia
Estabelecendo listas e estatísticas.
Em algarismos a Morte não tem cheiro
Não tem face não tem nome.
Uma operação de cálculo
Que os exércitos evoluídos
Escrevem à máquina.
A Morte de boa boca
Come soldados soldados soldados
E nunca, quase nunca generais.
In “Três Momentos da Poesia Europeia”
(De Safo e Píndaro a Ungaretti e Salinas)
Selecção, tradução e notas de Albano Martins
Edições Afrontamento
Raffaele Carrieri
(1905-1984)
. Mais poesia em
. Eu li... Raffaele Carrier...