SOMOS TODOS POETAS
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
In “Poesia Completa e Prosa”
Editora Nova Aguilar – Rio de Janeiro
Murilo Mendes
(Poeta Brasileiro)
1901 – 1975
AS LAVADEIRAS As lavadeiras no tanque noturno Não responderam ao canto da sibila. “Lavamos os mortos, Lavamos o tabul...
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