OS PEIXES
Avançam penosamente
através do negro jade.
Das conchas de mexilhão, azul-corvo, uma contínua
a ajustar os montes de cinza;
abrindo-se e fechando-se como
um
leque danificado.
As lapas, que se incrustam do lado
da ondulação, não se podem ali
esconder pois os raios de luz submersos do
sol,
divididos como fios
de vidro, movem-se com a rapidez de projectores
penetrando nas fendas –
fora e dentro iluminando
o
mar turquesa
desses corpos. A água impele um pedaço
de ferro por entre a férrea aresta
da falésia onde as estrelas,
grãos
de arroz rosados, a alforreca
salpicada de tinta, caranguejos como lírios
verdes, e cogumelos
venosos submarinos, deslizam uns sobre os outros.
Todas
as marcas
externas de violação estão patentes neste
edifício desafiador –
todos as características físicas do
de-
sastre –, ausência
de cornija, rastos de dinamite, queimaduras e
golpes de machado, eis o que sobressai
nele; a vertente do abismo está
morta.
Repetida
evidência que provou como consegue viver
onde não pode a sua juventude
renascer. Aí, o mar envelhece.
In”Poemas de Marianne Moore e Elisabeth Bishop”
Tradução de Maria Lourdes Guimarães
Campo das Letras
Marianne Moore
(Poetisa Americana)
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