Quarta-feira, 28 de Agosto de 2013

Eu li... Teresa Rita Lopes

JUNTO A UM MURO VELHO

 

Junto a um muro velho

A uma casa ruída

A velha amendoeira diz que não

À morte

E fica

De repente

Menina e noiva

Ao mesmo tempo.

 

O vento ri-se dela

Arranca-lhe as pétalas

- Mas são tantas que não se nota -

Escarnece-a:

- "És uma velha louca de véu e grinalda!"-

Para enxotar os insultos machistas do velho

Vento

Acudo-lhe com estes versos:

- "Não ligues! É inveja!

Estás tão linda assim de noiva, avozinha!"  

 

In “Caminhos de Alcoutim”

 

Teresa Rita Lopes

N. 1937

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Sexta-feira, 23 de Agosto de 2013

Eu li... Gregório de Matos

CASOU FILIPA RAPADA

 

Casou Filipa rapada

com o Guapo do lugar,

e porque quis bem casar,

ficou arto mal casada:

hoje é a mal maridada

do sítio de São Francisco,

porque o Guapo vendo o risco,

que seu crédito corria,

em vez de dar-lhe a maquia

se contentou cum belisco.

 

Que não consumou, se fala,

porque o Noivo em tanta glória

se pôs fraco de memória,

e esqueceu-lhe a cavalgá-la:

a Noiva fez disto gala,

porque ficou co'a honrinha,

e ele diz, que assim convinha:

porque se um homem de bem

não tira a honra a ninguém,

menos a quem a não tinha.

 

Ele está mui arriscado

a um sucesso infeliz,

porque o que dele se diz,

é, que o tinha bem provado:

a mim me não dá cuidado

ver, que o Noivo consentiu,

porque se a Noiva dormiu,

e diz, que o há de provar,

se cumpriu, hei de eu mostrar,

que já provou, e cumpriu.

 

Fez o Noivo às carreirinhas

uma airosa retirada,

vendo estar fortificada

a praça com tantas linhas:

mas eu já por contas minhas

tenho a maranha entendida,

e é, que o Noivo em sua vida

não quis, que o Povo malvado
dissesse, que andava assado
por uma mulher cozida.

 

Se coseu o berbigão,

como diz a gente toda,

muito a Moça me acomoda

para arrais de um galeão:

porque se a sua intenção

foi acaso em tanta bulha

meter (fora vá de pulha)

uma fragata alterosa

por barra tão perigosa

é, que se fiou na agulha.

 

O Noivo se veio embora,

e ela chora, ao que eu creio,

porque o Noivo se não veio,

não entendo esta Senhora:

mas o que se teme agora,

é, que um dos Cunhados mande,

que o pleito vá a Roma, e ande;

eu não sei, que demo o toma,

pois quer, que passe por Roma

mulher de nariz tão grande.

 

Obras Completas de Gregório de Matos

 

In “Breve Antologia Poética do Período Barroco”

Livª. Civilização Editora – Porto e Contexto Editora – Lisboa

 

Gregório de Matos

(Poeta Brasileiro)

1623 – 1696

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Domingo, 18 de Agosto de 2013

Eu li... Vânia Staggemeier

AS FLORES DA PRIMAVERA!

 

Neste entardecer tão belo...

Entre todas as flores...

Existe uma rosa amarela...

Que vem ressurgindo...

Com a primavera...

 

Trazendo consigo...

Seu delicado perfume...

Assim como esperanças...

E oportunidades...

Para novas amizades...

 

A primavera é tão bela...

Porque traz com ela...

Todas as flores e aromas...

Revitalizando a inquietude...

De todos os corações...

 

As rosas colorem o amor...

As vermelhas exalam paixão...

As amarelas trazem magia e a sedução...

As brancas com sua brandura...

Trazem paz para os corações...

 

Vânia Staggemeier

(escritora e poeta brasileira)

N. ??

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Terça-feira, 13 de Agosto de 2013

Eu li... Fernando Pessoa

EU AMO TUDO O QUE FOI

 

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errónea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

 

In “Poesias Inéditas”

 

Fernando Pessoa
1888 – 1935

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Quinta-feira, 8 de Agosto de 2013

Eu li... Regina Gouveia

BIG-BANG

 

Na minha infância, o Universo estendia-se

do Castelo até às Eiras, envolvendo a Praça

e o Cabecinho onde ficava a minha escola.

À volta eram ladeiras que velavam o sono do rio

lá no fundo. Era assim o meu mundo

que, para mim, era maior que o infinito

e que em cinco linhas aqui ficou descrito,

contrariando assim, à evidência,

uma das conjecturas da ciência.

Desde o seu Big-Bang

o meu Universo contrai-se, não se expande.

 

In “Magnetismo Terrestre”

Fundação Dr. Luís Araújo – Porto – 2006

 

Regina Gouveia

N. 1945

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Sábado, 3 de Agosto de 2013

Eu li... Hélder Mutéia

ENSAIO DE LÁGRIMAS

 

Se as nossas lágrimas

apagassem o ódio que nos cerca

e apagassem também o fogo que nos mata

mãe

eu pediria as lágrimas de todos

sangrando as pupilas.

 

Mas temo, mãe

que nos afoguemos um dia

dentro das nossas lágrimas

 

Hélder Mutéia

(Poeta Moçambicano)

N. 1960

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