INTIMIDADE
Estou aos teus pés
Nenhum mal pode me afligir
Escudo e fortaleza tu és
Espero e confio em teu agir
Quando em desespero me acho
Busco a ti em oração
Minha vitória não vem do acaso
Ela acontece no estender da tua mão
Sou feliz mesmo na dor
Pois corro a ti sem hesitar
No silêncio ages em meu favor
Sem tua graça não posso andar
Leva-me em teus caminhos
Não há lugar melhor para estar
Em tua presença encontro carinho
Obrigada Pai, por tanto me amar!
In “Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea”
Edição 2010 do - Julho / 2010
Adanilde Duarte de Lima
(Professora e poetisa brasileira)
N. 1985
IMAGEM DO NATAL
Nesta pálida imagem de Natal,
De tanta fantasia que é comum...
Por mais que o mundo esconda tanto mal,
Deus sabe o que é o Natal de cada um!
Bem lá no interior de cada casa,
Bem no fundo de cada coração:
Quanto Natal sem pão, sem uma brasa,
Quanto Natal de angústia e solidão!
Tu sabes, meu irmão, o que é o Natal,
Esse Natal sem paz e amor algum?!...
Longe do sentimento fraternal,
Que de Natal, não tem sinal nenhum!
Nesta polida imagem de Natal,
Deus sabe o que é o Natal de cada um!
Natal de 1989
In “Etéreas Sinfonias do Natal”
Edição do Autor - 1997
Castro Reis
1918 – 2007
PAZ INTERIOR
Paz interior é a sensação de liberdade,
Sentindo na alma intenso e puro amor ...
Essa vontade imensa de amar e amar
O ribombar do coração com tanto fervor.
O rio correndo livre também é paz...
O azul do céu refletido em nosso olhar
E ouvir o cântico melódico do rouxinol...
Para um mundo novo quer nos transportar.
O verbo tranqüilo do silêncio é paz perene;
A orquestra mental, a bonança interior...
O nascimento de um novo dia, radiante,
O pensamento refletido na luz do amor.
Mãos apertadas, que transmitem confiança,
Tal qual uma rosa no doce perfume da vida
Ou ainda uma pomba branca beijada pelo sol.
Paz é andar suavemente numa estrada florida.
Paz interior é como uma floresta iluminada
E uma cruz que alguém deixou no tempo...
Uma lágrima guardada no fundo, na memória.
Paz é um balão de ódio levado pelo vento.
Paz interior pode ser tratada como a paz profunda
Que arde como uma chama ardendo no peito perdoado...
Ela nos conduz a uma esperança amável e eterna.
Deus em nós produz um mundo belo e adorado
Jairo Lima Alves
(Poeta Brasileiro)
N. 1950
NECESSIDADES FORÇOSAS DA NATUREZA HUMANA
Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.
Busco uma Freira, que me desentupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
Que hei-de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei, por quem mo vaze toda Europa?
Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da sua mão sua cachopa.
Obras Completas de Gregório de Matos
In “Breve Antologia Poética do Período Barroco”
Livª. Civilização Editora – Porto e Contexto Editora – Lisboa
Gregório de Matos
(Poeta Brasileiro)
1623 – 1696
SEUS OLHOS
Seus olhos - se eu sei pintarem
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, num só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Folhas Caídas – 1853
In “SIGNOS”
Lisboa Editora
Almeida Garrett
1799 – 1854
PARAÍSO
Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
In "Infinito Pessoal"
David Mourão-Ferreira
1927 – 1996
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